Ópera reune xamanismo ianomami e tecnologia no Sesc Pompéia


Mistura de música, teatro, arte multimídia, tecnologia e ciência, a ópera "Amazônia -teatro música em três partes" estréia nesta quinta no Sesc Pompéia e segue em curta temporada até o dia 25 (domingo). O evento aborda, em três atos, o desmatamento e a destruição da maior floresta tropical do planeta a partir de duas perspectivas: a dos índios - no caso, da etnia ianomami - e a tecno-científica. A estreia do espetáculo aconteceu na XII Bienal de Munique, em maio.
José Paulo Lacerda/AEMenina ianomami que não fala português aprende o idioma de seu povo"Para os precurssores da perspectiva tecno-científica, a floresta é informação.
E informação que está desaparecendo, antes mesmo de se dar a conhecer", esclarece o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, autor do argumento da ópera. Segundo ele, no início do processo de produção, que durou 4 anos, a ideia era envolver mais povos indígenas, além dos ianomami. "Mas acabamos optando por trabalhr somente com eles, pois conhecíamos bem o pensamento mítico ianomami sobre o fim da floresta como consequência de uma utilização predatória de recursos", explica Santos.

A ópera é dividia em três atos: no primeiro é mostrada a conquista da Guiana, sob a égide do mito do Eldorado, cidade procurada durante séculos por conquistadores como Francisco de Orellana e Gonzalo Pizarro, que teria ouro e riquezas em abundância. O segundo trata da visão ianomami sobre o final da floresta. E o terceiro aborda as possíveis soluções para a questão das mudanças climáticas, tendo a floresta como centro das atenções.

O espetáculo é resultado de uma parceria entre o Sesc-SP e a Bienal de Munique, o ZKM Centro de Arte e Mídia de Karlsruhe, o Goethe-Institut (escritórios de Munique, Lisboa e São Paulo), o Teatro Nacional São Carlos, de Lisboa, e a Hutukara Associação Yanomami.

"Levamos xamãs ianomami para Munique e trouxemos compositores alemães para a aldeia. Foi um processo longo e muito complexo", disse Santos.

A maior parte do elenco e dos profissionais envolvidos é alemã. Ao contrário do que se poderia imaginar, não há índios no palco. O músico brasileiro Tato Taborda assina a produção musical do segundo ato.

“O espetáculo traz uma temática contemporânea, de valores universais, que discutida à luz das artes, mostra ao espectador a inovação na mistura de tecnologia de som e imagem e a tradição Yanomami. Para o SESC, é uma questão estratégica fazer parte deste debate", afirma o diretor do Sesc, Danilo Santos de Miranda.

fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,opera-reune-xamanismo-ianomami-e-tecnologia-no-sesc-pompeia,584313,0.htm