19/03 - 09:58 - Carina Martins, iG São Paulo
Uma rede particular de hospitais do litoral paulista notificou, em apenas um mês e meio, 63 casos de dengue hemorrágica. O recorde de casos da forma grave da doença no Estado de São Paulo inteiro é de 83 ao longo de todo o ano de 2008.
Sozinho, o número enviado pelo Hospital Ana Costa à Secretaria de Saúde de Santos entre 1º de fevereiro e 15 de março equivale ao segundo maior da história do Estado.
Os dados apresentados pelo hospital ainda não passaram pelo processo de confirmação do Ministério da Saúde e, portanto, não são oficiais. Para chegar aos números oficiais, existe um processo que inclui a confirmação das notificações pelas secretarias municipal e estadual, pelo Instituto Adolfo Lutz e pelo Ministério.
“A dengue é de notificação obrigatória. Os casos de formas graves (hemorrágica) precisam ser devidamente investigados”, explica Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue. “Hoje, para caracterizar que um caso é de febre hemorrágica de dengue, é preciso obedecer a critérios rigorosos da OMS. Essa é uma das razões da demora em fechar esses casos”.
Epidemia
Atuando como consultor do Ana Costa, o médico infectologista e diretor-técnico da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, considera os casos de Santos “confirmados do ponto de vista médico”, e diz que o diagnóstico foi feito por meio de avaliação clínica e testes feitos no Instituto de Medicina Tropical da USP.
“Estamos vivenciando esse ano uma gravidade muito acima do que já foi visto nos anos anteriores. Guarujá já decretou epidemia, as outras cidades da Baixada Santista oficialmente ainda não. Mas se ficarmos esperando para agir, vamos ter problemas”, alerta o médico.
Dengue hemorrágica pode virar "rotina"
Segundo Araújo, o número de hemogramas feitos em regime de urgência na rede Ana Costa chegou a mil por dia no início de março – a média normal é de 200 por dia. “Desses exames, 85% tinham alterações compatíveis com a dengue” diz.
“Independentemente da confirmação ou não, o Estado de São Paulo está tendo um aumento dos casos de dengue, e isso por si só deve servir como alerta à população”, diz Giovanini Coelho, do ministério. “A possibilidade de ter a forma hemorrágica é esperada mesmo. O que a gente deseja, obviamente, é que as pessoas não morram, por isso é importante a população tomar medidas de prevenção e estar atenta aos sintomas”.
Para o infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, no entanto, há mais medidas necessárias.“Temos que criar no Brasil uma cultura de atender dengue. A mortalidade, quando bem atendida, é menor do que 1%”, diz. “A dengue é um problema de saúde pública extremamente grave e preocupante para os próximos anos. É necessário que se tenha uma política mais eficaz”.
Diferenças regionais
A situação da doença varia muito a cada ano entre as regiões. A tendência de casos graves indicada pelas notificações de Santos ainda não se reflete nas estatísticas nacionais, por exemplo. Apesar de ainda não contabilizar os números da Baixada Santista, os casos de dengue grave registrados no país nas primeiras semanas do ano ficam bem abaixo dos números do ano passado. Até 20 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirma 134 casos de dengue com complicação e 77 de dengue hemorrágica, contra 1.403 de casos graves no mesmo período do ano passado.
Já os casos de dengue clássica mais do que dobraram no país: houve um aumento de 109% até fevereiro na comparação com o ano passado. De novo, o resultado não é homogêneo. Cinco Estados registram 71% dos casos este ano (Mato Grosso do Sul, Acre, Rondônia, Goiás e Mato Grosso) e, mais especificamente, cinco municípios têm 34% dos casos de dengue no país até agora.
Mesmo sem tanto impacto nos números nacionais – não está, por exemplo, entre os Estados citados – o Rio Grande do Sul já registra este ano 2.386 casos, número cinco vezes maior que o recorde histórico de um ano inteiro.
Procurada pela reportagem do iG, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo não se manifestou a respeito do número de casos de dengue hemorrágica notificados pelo Hospital Ana Costa.
Alerta
O Ministério da Saúde alerta para que as pessoas com os seguintes sintomas procurem uma unidade de saúde e não se automediquem:
• Febre alta
• Dor de cabeça
• Dor atrás dos olhos
• Manchas vermelhas no corpo
• Dor nos ossos e articulações
Se você já está com suspeita de dengue e começou apresentar:
• Dores abdominais
• Vômitos
• Qualquer tipo de sangramento
Retorne imediatamente à Unidade de Saúde. Você pode estar evoluindo para a forma grave da doença.
Fonte:Ultimo Segundo
Uma rede particular de hospitais do litoral paulista notificou, em apenas um mês e meio, 63 casos de dengue hemorrágica. O recorde de casos da forma grave da doença no Estado de São Paulo inteiro é de 83 ao longo de todo o ano de 2008.
Sozinho, o número enviado pelo Hospital Ana Costa à Secretaria de Saúde de Santos entre 1º de fevereiro e 15 de março equivale ao segundo maior da história do Estado.
Os dados apresentados pelo hospital ainda não passaram pelo processo de confirmação do Ministério da Saúde e, portanto, não são oficiais. Para chegar aos números oficiais, existe um processo que inclui a confirmação das notificações pelas secretarias municipal e estadual, pelo Instituto Adolfo Lutz e pelo Ministério.
“A dengue é de notificação obrigatória. Os casos de formas graves (hemorrágica) precisam ser devidamente investigados”, explica Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue. “Hoje, para caracterizar que um caso é de febre hemorrágica de dengue, é preciso obedecer a critérios rigorosos da OMS. Essa é uma das razões da demora em fechar esses casos”.
Epidemia
Atuando como consultor do Ana Costa, o médico infectologista e diretor-técnico da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, considera os casos de Santos “confirmados do ponto de vista médico”, e diz que o diagnóstico foi feito por meio de avaliação clínica e testes feitos no Instituto de Medicina Tropical da USP.
“Estamos vivenciando esse ano uma gravidade muito acima do que já foi visto nos anos anteriores. Guarujá já decretou epidemia, as outras cidades da Baixada Santista oficialmente ainda não. Mas se ficarmos esperando para agir, vamos ter problemas”, alerta o médico.
Dengue hemorrágica pode virar "rotina"
Segundo Araújo, o número de hemogramas feitos em regime de urgência na rede Ana Costa chegou a mil por dia no início de março – a média normal é de 200 por dia. “Desses exames, 85% tinham alterações compatíveis com a dengue” diz.
“Independentemente da confirmação ou não, o Estado de São Paulo está tendo um aumento dos casos de dengue, e isso por si só deve servir como alerta à população”, diz Giovanini Coelho, do ministério. “A possibilidade de ter a forma hemorrágica é esperada mesmo. O que a gente deseja, obviamente, é que as pessoas não morram, por isso é importante a população tomar medidas de prevenção e estar atenta aos sintomas”.
Para o infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, no entanto, há mais medidas necessárias.“Temos que criar no Brasil uma cultura de atender dengue. A mortalidade, quando bem atendida, é menor do que 1%”, diz. “A dengue é um problema de saúde pública extremamente grave e preocupante para os próximos anos. É necessário que se tenha uma política mais eficaz”.
Diferenças regionais
A situação da doença varia muito a cada ano entre as regiões. A tendência de casos graves indicada pelas notificações de Santos ainda não se reflete nas estatísticas nacionais, por exemplo. Apesar de ainda não contabilizar os números da Baixada Santista, os casos de dengue grave registrados no país nas primeiras semanas do ano ficam bem abaixo dos números do ano passado. Até 20 de fevereiro, o Ministério da Saúde confirma 134 casos de dengue com complicação e 77 de dengue hemorrágica, contra 1.403 de casos graves no mesmo período do ano passado.
Já os casos de dengue clássica mais do que dobraram no país: houve um aumento de 109% até fevereiro na comparação com o ano passado. De novo, o resultado não é homogêneo. Cinco Estados registram 71% dos casos este ano (Mato Grosso do Sul, Acre, Rondônia, Goiás e Mato Grosso) e, mais especificamente, cinco municípios têm 34% dos casos de dengue no país até agora.
Mesmo sem tanto impacto nos números nacionais – não está, por exemplo, entre os Estados citados – o Rio Grande do Sul já registra este ano 2.386 casos, número cinco vezes maior que o recorde histórico de um ano inteiro.
Procurada pela reportagem do iG, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo não se manifestou a respeito do número de casos de dengue hemorrágica notificados pelo Hospital Ana Costa.
Alerta
O Ministério da Saúde alerta para que as pessoas com os seguintes sintomas procurem uma unidade de saúde e não se automediquem:
• Febre alta
• Dor de cabeça
• Dor atrás dos olhos
• Manchas vermelhas no corpo
• Dor nos ossos e articulações
Se você já está com suspeita de dengue e começou apresentar:
• Dores abdominais
• Vômitos
• Qualquer tipo de sangramento
Retorne imediatamente à Unidade de Saúde. Você pode estar evoluindo para a forma grave da doença.
Fonte:Ultimo Segundo