fonte:
porto gente.
Texto atualizado em 07 de Julho de 2009 -
Em 2003, fui contatado por uma senhora do Museu da Pessoa, em São Paulo, para que cedesse imagens de cartões-postais e fotografias antigas para o livro Caminhos do Mar – Memórias do Comércio da Baixada Santista, uma obra realizada em parceria com o Sesc. Com muito gosto forneci imagens da Cidade e de pessoas clicadas no passado longínquo. Muitas delas forma aproveitadas junto com de outros colaboradores.
Cartão-postal mostrando a Bolsa do Café
de Santos, onde funcionava o pregão diário
da cotação do café. O termômetro comercial
da Cidade. 1928. Acervo: L.J. Giraud.
A princípio confesso que não dei a devida importância ao fato por achar que seria apenas mais um livro da Cidade, sem grandes novidades. Engano meu, ao ver o livro no dia do seu lançamento nas dependências do Sesc Santos. Foi uma agradável surpresa, ao deparar com um livro muito especial com textos contendo informações inéditas, e grande quantidade de ilustrações pouco conhecidas na sua maioria.
Eram imagens de estabelecimentos comerciais, comerciantes, porto, e tudo mais que impulsionou o comércio santista. Fiquei honrado ao ver estampada uma fotografia, entre várias presentes na obra, de meus familiares, durante almoço no Restaurante Marreiro (Praça da República), em 1941, na qual está presente meu pai.
Interior de um armazém de café, onde o ouro verde era ensacado e armazenado, para posterior embarque em navios para diversos países.
Anos 1920. Acervo: L.J.Giraud.
Não pestanejo em dizer que Caminhos do Mar – Memórias do Comércio da Baixada Santista, está entre as 10 melhores obras que contam fatos da Cidade de Santos. O livro foi prefaciado por Abram Szajman, na época presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac de Santos.
No livro é contada a história de pessoas conhecidas da Cidade, alguns já não estão entre nós, outros ainda participam nas suas atividades comerciais, como: Cícero Bueno Brandão, nascido em 1939. – Companhia Tamoyo de Armazéns Grais; Eduardo Carvalhaes, nascido em 1925 – Escritório Carvalhaes de exportação de Café; Hélio Cesário Cardoso, nascido em 1932. – Discopa, Domus e Denovo, Henrietta Kabach Weatherby, nascida em 1924. – Original Magazine: Luiz Carlos Leite Vallejo, nascido em 1944. – L. Vallejo & Cia. Ltda; José Israel (de quem comprei minhas alianças de noivado e casamento (1973). – Paulista Jóias e relógios; José Gileno do Nascimento, nascido em 1944. – Garçom do restaurante Almeida; Waldemar Martins Fontes, nascido em 1935. – Livraria Martins Fontes; Walter Geiragire, nascido em 1945. – Drogaria Iporanga; Mamhmdus Hasan, nascido em 1922. – Chá-Mate Paraná; Armênio Mendes, nascido em 1944. Mendes Convention Center, Shopping Center Miramar, entre outros; Álvaro Vieira da Cunha, nascido em 1927. – Escritório de corretagem de café; Carlos Pierin (Lala). – Pap’s Sport, além de outros comerciantes.
Vista aérea da Cidade e do Porto de Santos, nos anos 30. A região
do Macuco e da Ponta da Praia era quase deserta. Acervo: L.J. Giraud.
Por ser interessante, a coluna Recordar do Portogente parabeniza o Sesc e o Museu da Pessoa, e pede licença para repassar um dos textos da brilhante obra, que conta de uma forma clara e sucinta como era um dia na frenética e pujante Cidade de Santos e seu porto do café, nos anos 1930, como segue:
RICA E REFINADA
Santos, nos anos 30, era uma cidade comercial. Sua população acordava pensando na cotação do café, no movimento dos trens da “inglesa”, nos navios chegados no porto. Se ao longo do dia, Mercúrio – o deus das tropas estampado nos palácios da Rua XV de Novembro – fosse benevolente com os santistas, fazendo os negócios correrem bem, a alegria era geral. Carregadores e portuários tinham trabalho certo, gorjetas gordas corriam nos restaurantes repletos e nos táxis disputados, caixeiros sorridentes acumulavam comissões nas sortidas lojas do Centro.
Cartão-Postal de 1939, mostrando a Praça Mauá e a Rua General
Câmara, a passarela da moda santista nos anos 30. Ao fundo, o Palácio José Bonifácio (o santista mais ilustre em todos os tempos), sede da Prefeitura Municipal de Santos.
No fim de um dia proveitoso, a fina flor da economia cafeeira – corretores, exportadores, financistas – ia gastar seus lucros nos elegantes hotéis da orla praiana: Palace Hotel, Atlântico, e no maior e luxuoso de todos, o Parque Balneário Hotel. Neles, encontrava não apenas cassinos para excitantes apostas na roleta e no bacará, mas também restaurantes, orquestras, bailes e muito mármore, cristais, porcelanas. Esses jogadores aristocráticos iam também ás sessões de cinema do Polytheama Rio Branco ou do imponente Teatro Coliseu, com seus 2.300 lugares, suas frisas e balcões. Se quisessem, podiam dançar no animado Miramar do Boqueirão ou no seleto Clube XV.
Mesmo aqueles moradores menos afortunados, que dos lucros do café só recolhiam as migalhas, mesmo tinham também os seus locais de lazer, fosse nos cinemas, botequins e bailes populares, que não eram poucos: fosse nos bem cuidados jardins públicos do Centro, onde a Banda do Corpo de Bombeiros costumava ocupar os coretos; fosse ainda na bela orla praiana da cidade, cartão-postal ao alcance de todos. Afinal, bondes para qualquer lado é que não faltavam.
E tudo graças a um bom dia do café.
Raro cartão-postal da década de 1930, mostrando os elegantes
hotéis que marcaram época, citados no artigo. Acervo: L.J. Giraud.
A bela entrada do Parque Balneário Hotel, voltada para a Praia do
Gonzaga, lembra belos prédios italianos. Infelizmente o Parque Balneário
foi demolido. Segunda metade da década de 1930. Acervo: L.J. Giraud.
Cartão-Postal com imagem do Graf Zeppelin
sobrevoando a Praia do José Menino, vendo-se o
Clube dos Ingleses, Hotel Internacional e a Ilha de
Urubuqueçaba. 1935. Acervo: L.J. Giraud.
A Av. Ana Costa, nos anos 30 era puramente residencial e aristocrata.
O cartão-postal mostra suas residências e arborização.
Acervo: L.J. Giraud.
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=23589
porto gente.
Texto atualizado em 07 de Julho de 2009 -
Em 2003, fui contatado por uma senhora do Museu da Pessoa, em São Paulo, para que cedesse imagens de cartões-postais e fotografias antigas para o livro Caminhos do Mar – Memórias do Comércio da Baixada Santista, uma obra realizada em parceria com o Sesc. Com muito gosto forneci imagens da Cidade e de pessoas clicadas no passado longínquo. Muitas delas forma aproveitadas junto com de outros colaboradores.
Cartão-postal mostrando a Bolsa do Café
de Santos, onde funcionava o pregão diário
da cotação do café. O termômetro comercial
da Cidade. 1928. Acervo: L.J. Giraud.
A princípio confesso que não dei a devida importância ao fato por achar que seria apenas mais um livro da Cidade, sem grandes novidades. Engano meu, ao ver o livro no dia do seu lançamento nas dependências do Sesc Santos. Foi uma agradável surpresa, ao deparar com um livro muito especial com textos contendo informações inéditas, e grande quantidade de ilustrações pouco conhecidas na sua maioria.
Eram imagens de estabelecimentos comerciais, comerciantes, porto, e tudo mais que impulsionou o comércio santista. Fiquei honrado ao ver estampada uma fotografia, entre várias presentes na obra, de meus familiares, durante almoço no Restaurante Marreiro (Praça da República), em 1941, na qual está presente meu pai.
Interior de um armazém de café, onde o ouro verde era ensacado e armazenado, para posterior embarque em navios para diversos países.
Anos 1920. Acervo: L.J.Giraud.
Não pestanejo em dizer que Caminhos do Mar – Memórias do Comércio da Baixada Santista, está entre as 10 melhores obras que contam fatos da Cidade de Santos. O livro foi prefaciado por Abram Szajman, na época presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac de Santos.
No livro é contada a história de pessoas conhecidas da Cidade, alguns já não estão entre nós, outros ainda participam nas suas atividades comerciais, como: Cícero Bueno Brandão, nascido em 1939. – Companhia Tamoyo de Armazéns Grais; Eduardo Carvalhaes, nascido em 1925 – Escritório Carvalhaes de exportação de Café; Hélio Cesário Cardoso, nascido em 1932. – Discopa, Domus e Denovo, Henrietta Kabach Weatherby, nascida em 1924. – Original Magazine: Luiz Carlos Leite Vallejo, nascido em 1944. – L. Vallejo & Cia. Ltda; José Israel (de quem comprei minhas alianças de noivado e casamento (1973). – Paulista Jóias e relógios; José Gileno do Nascimento, nascido em 1944. – Garçom do restaurante Almeida; Waldemar Martins Fontes, nascido em 1935. – Livraria Martins Fontes; Walter Geiragire, nascido em 1945. – Drogaria Iporanga; Mamhmdus Hasan, nascido em 1922. – Chá-Mate Paraná; Armênio Mendes, nascido em 1944. Mendes Convention Center, Shopping Center Miramar, entre outros; Álvaro Vieira da Cunha, nascido em 1927. – Escritório de corretagem de café; Carlos Pierin (Lala). – Pap’s Sport, além de outros comerciantes.
Vista aérea da Cidade e do Porto de Santos, nos anos 30. A região
do Macuco e da Ponta da Praia era quase deserta. Acervo: L.J. Giraud.
Por ser interessante, a coluna Recordar do Portogente parabeniza o Sesc e o Museu da Pessoa, e pede licença para repassar um dos textos da brilhante obra, que conta de uma forma clara e sucinta como era um dia na frenética e pujante Cidade de Santos e seu porto do café, nos anos 1930, como segue:
RICA E REFINADA
Santos, nos anos 30, era uma cidade comercial. Sua população acordava pensando na cotação do café, no movimento dos trens da “inglesa”, nos navios chegados no porto. Se ao longo do dia, Mercúrio – o deus das tropas estampado nos palácios da Rua XV de Novembro – fosse benevolente com os santistas, fazendo os negócios correrem bem, a alegria era geral. Carregadores e portuários tinham trabalho certo, gorjetas gordas corriam nos restaurantes repletos e nos táxis disputados, caixeiros sorridentes acumulavam comissões nas sortidas lojas do Centro.
Cartão-Postal de 1939, mostrando a Praça Mauá e a Rua General
Câmara, a passarela da moda santista nos anos 30. Ao fundo, o Palácio José Bonifácio (o santista mais ilustre em todos os tempos), sede da Prefeitura Municipal de Santos.
No fim de um dia proveitoso, a fina flor da economia cafeeira – corretores, exportadores, financistas – ia gastar seus lucros nos elegantes hotéis da orla praiana: Palace Hotel, Atlântico, e no maior e luxuoso de todos, o Parque Balneário Hotel. Neles, encontrava não apenas cassinos para excitantes apostas na roleta e no bacará, mas também restaurantes, orquestras, bailes e muito mármore, cristais, porcelanas. Esses jogadores aristocráticos iam também ás sessões de cinema do Polytheama Rio Branco ou do imponente Teatro Coliseu, com seus 2.300 lugares, suas frisas e balcões. Se quisessem, podiam dançar no animado Miramar do Boqueirão ou no seleto Clube XV.
Mesmo aqueles moradores menos afortunados, que dos lucros do café só recolhiam as migalhas, mesmo tinham também os seus locais de lazer, fosse nos cinemas, botequins e bailes populares, que não eram poucos: fosse nos bem cuidados jardins públicos do Centro, onde a Banda do Corpo de Bombeiros costumava ocupar os coretos; fosse ainda na bela orla praiana da cidade, cartão-postal ao alcance de todos. Afinal, bondes para qualquer lado é que não faltavam.
E tudo graças a um bom dia do café.
Raro cartão-postal da década de 1930, mostrando os elegantes
hotéis que marcaram época, citados no artigo. Acervo: L.J. Giraud.
A bela entrada do Parque Balneário Hotel, voltada para a Praia do
Gonzaga, lembra belos prédios italianos. Infelizmente o Parque Balneário
foi demolido. Segunda metade da década de 1930. Acervo: L.J. Giraud.
Cartão-Postal com imagem do Graf Zeppelin
sobrevoando a Praia do José Menino, vendo-se o
Clube dos Ingleses, Hotel Internacional e a Ilha de
Urubuqueçaba. 1935. Acervo: L.J. Giraud.
A Av. Ana Costa, nos anos 30 era puramente residencial e aristocrata.
O cartão-postal mostra suas residências e arborização.
Acervo: L.J. Giraud.
http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=23589